Espera aí… nós estamos nos anos 90 de novo? Afinal, Mortal Kombat voltou a ser popular como era no final do século passado — ainda bem! Em 2024 tivemos o lançamento de Mortal Kombat 1, a mais recente entrada na série de games de luta super popular. E agora MK está prestes a voltar para as telonas, enquanto a Warner Bros. se prepara para o lançamento de Mortal Kombat 2, uma sequência do reboot de 2021.
Mortal Kombat (1995)
O filme original de Mortal Kombat é amplamente considerado como uma das melhores adaptações de videogame até o momento. O que, de verdade, é uma honra muito duvidosa. Mesmo assim, o filme ainda é um exemplo sólido de como dar vida à série em live-action. Ele apresenta uma releitura razoavelmente fiel do enredo extremamente básico do game original, enquanto mostra elementos de Mortal Kombat II e parte da história de fundo dos quadrinhos da franquia. Como muitas adaptações, posiciona Liu Kang (Robin Chou) como o herói central destinado a derrotar o ladrão de almas Shang Tsung (Cary-Hiroyuki Tagawa). Para os puristas, o maior pecado do filme é simplesmente que ele não replica a violência dos jogos, optando por uma abordagem PG-13 mais familiar.
O que o filme captura, no entanto, é aquela sensação essencial de loucura que anda de mãos dadas com a violência gratuita. O filme definitivamente não é culpado de se levar muito a sério. É também a obra que apresentou ao mundo a “Techno Syndrome” do The Immortals, a música de videogame mais icônica desde o tema de Super Mario Bros.
Mortal Kombat: The Journey Begins (1995)
Há uma competição bastante acirrada quando se trata de decidir a pior adaptação de Mortal Kombat já feita, mas este lançamento direto para vídeo pode levar a maior honra. Lançado antes do filme live-action e sendo potencialmente uma prequel do filme, The Journey Begins — que no Brasil foi chamado só de Mortal Kombat: Animação — tenta dar corpo às histórias de origem de vários ícones da franquia. Mas qualidade é, no mínimo, duvidosa, na melhor das hipóteses. E por mais datado que o CGI do filme live-action possa ser, os efeitos parecem de última geração em comparação com as arcaicas cenas de luta 3D de qualidade sub-Playstation em The Journey Begins. Os fãs hardcore podem querer assistir a este por pura curiosidade mórbida (especialmente porque está incluído como um bônus no Blu-ray de Mortal Kombat), mas não espere nada positivo.
Mortal Kombat: Os Defensores da Terra (1996)
O cenário da TV dos anos 80 e 90 estava repleto de tentativas de traduzir propriedades da cultura pop apenas para adultos em desenhos animados para crianças. Quem não lembra de RoboCop: A Série Animada, Rambo: A Força da Liberdade e Toxic Crusaders?
Com Mortal Kombat: Os Defensores da Terra, os produtores esqueceram qualquer violência do game. Esta série de curta duração foi ao ar na TV dos EUA em 1996. De maneira esquisita, ele tenta servir como uma continuação tanto do filme de 1995 quanto do videogame Ultimate Mortal Kombat 3, embora a abordagem para todas as idades basicamente torne isso discutível. Os Defensores da Terra simplifica a complexa série de alianças e rivalidades que definem os mitos de MK, em vez disso, apresentando uma equipe de heróis liderados por Raiden e Nightwolf encarregada de defender o Reino Terrestre dos invasores interdimensionais de Shao Kahn.
No entanto, a animação faz uma adição notável à franquia. A série foi, na verdade, a primeira a apresentar Quan Chi antes do feiticeiro aparecer em Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero e Mortal Kombat 4.
Mortal Kombat: A Aniquilação (1997)
Se o primeiro filme de Mortal Kombat está entre as melhores tentativas de adaptar um videogame para o filme, sua sequência está facilmente entre as piores. E não é nem que A Aniquilação ignore o material de origem: o filme apresenta vários personagens populares como Shao Kahn (Brian Thompson), Jax (Lynn Williams) e Sindel (Musetta Vandel), juntamente com elementos familiares de MK como Animalities, a morte de Johnny Cage e Kuai Liang assumindo o manto de seu irmão como Sub-Zero. O problema é que o filme não consegue juntar nada disso em uma história coerente e interessante. Não há muita lógica interna para o que acontece ou quais personagens aparecem.
Mas mesmo que o enredo tenha correspondido ao primeiro filme, A Aniquilação é atormentado por efeitos ruins, cenas de luta decepcionantes e atores que aparentemente preferem estar em qualquer outro lugar. É revelador que, além de Liu Kang de Chou, quase todos os personagens que retornam foram reformulados para a sequência. Pelo menos a trilha sonora é muito boa.
Mortal Kombat: Conquest (1998)
Enquanto A Aniquilação basicamente destruiu as perspectivas de cinema para Mortal Kombat durante as próximas duas décadas, isso não impediu a TNT de exibir uma série de TV live-action em 1998. Mortal Kombat: Conquest (que no Brasil teve diversos nomes diferentes, mas se você assistiu pelo SBT provavelmente vai se lembrar dela como A Conquista) serve como uma prequel dos filmes, ocorrendo 500 anos antes da era de Liu Kang. Em vez disso, Conquest gira em torno do ancestral de Liu, Kung Lao (Paolo Montalbán), um monge guerreiro encarregado de treinar uma nova geração de lutadores para defender o Reino da Terra. Embora muitos dos personagens coadjuvantes da série sejam novas criações, muitos favoritos dos fãs de MK aparecem ao longo da única temporada da série.
O melhor que pode ser dito para Conquest é que ela estava à frente de seu tempo. A premissa da prequel é forte, e certamente é uma ramificação melhor do filme de 1995 do que A Aniquilação. Mas mesmo na época, era difícil ignorar as cenas de luta toscas nitidamente feita com ajuda de cabos e os efeitos especiais geralmente ruins. É difícil não se perguntar o que poderia ter sido se a série tivesse começado uma ou duas décadas depois.
Mortal Kombat: Rebirth (2010)
Fora dos jogos em si, a franquia MK ficou em grande parte sumida nos anos 2000. Pelo menos até que o cineasta Kevin Tancharoen tomasse a iniciativa para montar um curta não autorizado de Mortal Kombat e fizesse a bola rolar novamente.
Embora produzido com um orçamento muito baixo e não sancionado pela Warner Bros. ou pelos criadores de Mortal Kombat, o curta-metragem de Tancharoen, Mortal Kombat: Rebirth é uma adaptação surpreendentemente profissional. Rebirth é único, pois minimiza as tramas sobrenaturais da franquia, em vez disso, lançando Scorpion (Ian Anthony Dale) como um assassino trabalhando com o Capitão Jackson Briggs (Michael Jai White) e Sonya Blade (Jeri Ryan) para derrubar o império criminoso de Shang Tsung e se vingar de seu inimigo, Sub-Zero.
Tancharoen pretendia que Rebirth servisse como prova de conceito para um possível reboot. Ele meio que conseguiu seu desejo, pois recebeu as rédeas da web série live-action Mortal Kombat: Legacy.
Mortal Kombat: Legacy (2011)
Tancharoen retornou à franquia MK no ano seguinte, desta vez com a aprovação real da Warner Bros. e uma luz verde para uma temporada completa de webisodes live-action exclusivos da Machinima (lembra?). Legacy não segue a nova continuidade estabelecida em Rebirth, embora Dale, White e Ryan tenham retornado para reprisar seus papéis para a primeira temporada. Em vez disso, Legacy atua como uma prequel do jogo original, com cada episódio da 1ª temporada dando espaço à história de fundo para um kombatente diferente.
A segunda temporada não foi tão legal quanto a primeira, com o Legacy mudando para uma abordagem mais narrativa, ao mesmo tempo em que traz vários novos personagens e reformula muitos papéis existentes. Um bônus dessa renovação foi que Cary-Hiroyuki Tagawa foi capaz de reprisar o papel de Shang Tsung (abrindo caminho para ele ir para os games em um DLC de Mortal Kombat 11).
Por mais inconsistente que seja em termos de tom e enredo, Legacy mostra o potencial mais sério da mitologia de MK. Também parece surpreendentemente robusta para uma web série gratuita.
Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion(2020)
Mortal Kombat retornou ao reino animado em 2020, no que provou ser uma adaptação muito melhor do que as anteriores. Ajuda que Mortal Kombat Legends: A Vingança de Scorpion seja voltado diretamente para adultos. Na verdade, este lançamento direto para vídeo é, surpreendentemente, o primeiro título adaptado de Mortal Kombat com classificação para adultos.
A Vingança de Scorpion é uma adaptação do enredo do game original, mas com uma reviravolta. Em vez de enquadrar a animação em torno do heróico Liu Kang, veremos o fatídico torneio do ponto de vista de Scorpion. O filme explora a trágica história de origem do personagem e o início de sua rixa com Sub-Zero.
A animação provou ser popular o suficiente para gerar mais três sequências diretas para vídeo, Mortal Kombat Legends: Batalha dos Reinos de 2021, Mortal Kombat Legends: Snow Blind de 2022 e Mortal Kombat Legends: Cage Match de 2023.
Mortal Kombat (Reboot – 2021)
Depois de anos de rumores sobre outro filme live-action de Mortal Kombat, a franquia finalmente retornou às telonas em 2021. O filme não está conectado a projetos anteriores, mas serve como uma reinicialização completa. Mehcad Brooks, que interpreta Jax, o descreveu como tendo “pé no chão”, apesar de manter as Fatalities e outros momentos violentos dos games.
A reinicialização chegou aos cinemas e à HBO Max simultaneamente (tempos de pandemia) em abril de 2021. Embora a pandemia obviamente tenha afetado a bilheteria do filme, ele provou ser crítica e comercialmente bem-sucedido o suficiente para que a Warner tenha dado luz verde para uma sequência.
Mortal Kombat 2 (2025)
A sequência do reboot de Mortal Kombat chegará aos cinemas em 2025 intitulada simplesmente Mortal Kombat 2. Além do retorno dos principais, Hiroyuki Sanada como Scorpion, Ludi Lin como Liu Kang, Mehcad Brooks como Jax e Jessica McNamee como Sonya Blade, o filme também apresentará o Johnny Cage de Karl Urban, Shao Kahn de Martyn Ford, Quan Chi de Damoin Herriman e Kitana de Adeline Rudolph. Recentemente, demos uma olhada mais de perto em vários dos membros do elenco.
Neste ponto, parece haver poucas dúvidas de que Mortal Kombat 2 será uma sequência melhor do que Mortal Kombat: A Aniquição foi, mas isso não é exatamente uma tarefa difícil. A questão é se a sequência pode continuar o caminho gerado pelo original e levar MK para além dessa sequência. Ainda há muita luta nesta franquia.
**Traduzido por João Paes.
Inscreva-se no canal do IGN Brasil no Youtube e visite as nossas páginas no TikTok, Facebook, Threads, Instagram, Bluesky e Twitch! | Siga João Paes Neto no Instagram e Bluesky.
Créditos Autor: Jesse Schedeen, João Paes
Créditos Imagens: Reprodução Internet
Tags: a-bizarra-historia-das-adaptacoes-para-cinema-e-tv-de-mortal-kombat