Depois de mais de uma década nas sombras, a série Ninja Gaiden retorna não apenas com um, mas com três lançamentos este ano: a remasterização surpresa de Ninja Gaiden 2 Black, que já foi lançada, Ninja Gaiden 4, que será lançado nesta primavera, e, entre esses dois lançamentos, o jogo de plataforma de ação 2D que retorna a série às suas raízes, Ninja Gaiden Ragebound. Embora a mera existência desse trio seja uma surpresa agradável por si só, Ragebound talvez seja o mais surpreendente, já que a série não tem jogos 2D desde o início dos anos 90.
Ninja Gaiden: Ragebound está sendo desenvolvido pelo estúdio The Game Kitchen, de Blasphemous 1 e 2, e publicado pela Dotemu, responsável por jogos como Streets of Rage 4 e Tartarugas Ninja: Shredder’s Revenge. Tanto desenvolvedora quanto publisher são novatas na série Ninja Gaiden, mas têm vasta experiência em jogos em pixel art e com estética retrô.
Se você conhece a série Blasphemous, sabe que a desenvolvedora The Game Kitchen produz algumas das pixel arts mais bonitas da atualidade. Embora o trailer de revelação de Ninja Gaiden: Ragebound tenha apresentado muitas animações desenhadas à mão, tudo o que vi durante meu tempo de jogo era pixel art, desde a tela de título até as cenas de corte. Adoro a sensação de profundidade que eles criam em uma área de floresta com camadas de rolagem de paralaxe, enquanto vaga-lumes flutuam em primeiro plano, despreocupados com todo o derramamento de sangue que acontece bem na frente deles.
Por falar em derramamento de sangue, os inimigos derrotados proporcionam um jorro satisfatório de spray vermelho pixelado na tela. Alguns vilões têm até várias animações de morte. Também gosto do fato de que, enquanto alguns cadáveres de inimigos voam para fora da tela ou simplesmente se transformam em gosma, outros permanecem espalhados no seu rastro. Ocasionalmente, o próprio sangue dessas criaturas é derramado no plano de fundo.
A Dotemu, por sua vez, publicou TMNT: Shredder’s Revenge, Streets of Rage 4, Metal Slug Tactics e lançará em breve o beat ‘em up Marvel Cosmic Invasion. Trata-se de uma empresa com um histórico de reviver franquias de jogos adormecidas e revigorá-las com novas ideias e sempre com uma arte deslumbrante. Esse parece ser o caso novamente com Ninja Gaiden Ragebound. Ele parece uma versão aprimorada em 16 bits da trilogia clássica do NES e acrescenta alguns novos truques ninjas ao seu arsenal.
Um deles é o Guillotine Boost, habilidade que permite que você ricocheteie em inimigos e projéteis com um ataque giratório. Além de causar dano, ela prolonga seu tempo no ar e, portanto, o ajudará a atravessar áreas amplas sem chão. A Game Kitchen preparou muitos desafios de plataforma que basicamente exigem o uso dessa técnica.
Vale notar ainda que alguns inimigos têm uma aura brilhante ao redor deles. Você pode cortá-los para carregar seu ataque de hipercarga, que dizima inimigos grandes e obstáculos com um único golpe. As hipercargas podem ser encadeadas se houver vários inimigos brilhantes por perto. Portanto, em muitos casos, há uma ordem preferível em que os vilões devem ser derrotados, adicionando mais uma camada para os jogadores pensarem de forma estratégica.
Para deixar claro, Ragebound é um jogo de ação baseado em níveis, e não um Metroidvania. Você percorre cada área matando inimigos, passando por sessões de plataforma e lutando contra um chefe no final de cada área, como o grande morcego demoníaco que encontrei em uma das primeiras áreas.
Felizmente, os pontos de verificação impedem que você seja enviado de volta ao início caso seja derrotado, ou seja, o jogo também não é um roguelike. No final de cada fase, você é pontuado de acordo com o seu desempenho com notas de D a S e recebe um resumo do seu desempenho com tempo de conclusão, número de mortes, combo máximo, número de colecionáveis encontrados e quaisquer outros desafios concluídos. Esses desafios adicionais podem ser missões como não sofrer dano ou matar uma certa quantidade de inimigos com ataques hipercarregados.
Quero mencionar o prólogo que define o cenário de Ragebound porque ele é incrível, mas se você quiser evitar todo e qualquer spoiler da história, talvez seja melhor pular essa parte do texto. Ok, agora volte sua mente para a cena que abriu o Ninja Gaiden original em 1989. Dois ninjas se enfrentam sob uma lua cheia. Eles correm para a frente, saltam no ar e se enfrentam com espadas. De volta ao chão, depois de um momento, o ninja vermelho cai e ficamos sabendo que ele era o pai de Ryu Hayabusa. A maioria de nós nunca tinha visto algo tão cinematográfico em um videogame antes. Esse evento deu início à busca de vingança de Ryu.
No prólogo de Ragebound, jogamos como o pai de Ryu nos momentos que antecedem o duelo, uma homenagem muito legal ao clássico de 1989! Logo de cara, os fãs reconhecerão versões atualizadas de músicas clássicas, como a que destaca o momento em que Hayabusa San cai morto no chão.
Quando Ryu recebe a notícia do que aconteceu com seu pai, ele parte para a América e dá início a todos os eventos que testemunhamos em Ninja Gaiden 1, 2 e 3. De volta à sua aldeia, algum tipo de portal é aberto e envia demônios para o nosso mundo. Com Ryu preocupado, cabe a um de seus pupilos, Kenji, salvar a aldeia e eliminar essa ameaça demoníaca. Assim, parece que os eventos de Ragebound se desenrolam junto com o jogo original. Um gaiden literal, ou seja, uma história paralela e simultânea aos eventos da trilogia clássica.
É legal ver o traje 3D de Ryu renderizado em pixel art.
Ryu está usando um de seus trajes 3D de Ninja Gaiden aqui. Obviamente, ele vestirá seu traje azul original em sua viagem à América, mas é legal ver um traje 3D renderizado em pixel art.
Muitos jogadores que começaram a jogar no fim dos anos 80 e no início dos anos 90 ainda sofrem de transtorno de estrese pós-traumático por causa daqueles malditos pássaros que apareceram pela primeira vez no nível 3-1 do Ninja Gaiden original. Eles eram uma espécie de combinação incômoda das cabeças de medusa e dos fleamen de Castlevania. Meus amigos, lamento informá-los: os abutres estão de volta. Felizmente, eles ainda morrem com apenas um golpe e parecem ser mais fáceis de lidar aqui, pelo menos nos estágios iniciais.
Uma das novas adições mais interessantes à fórmula clássica de Ninja Gaiden é a personagem Kumori, um demônio que se tornará sua companheira e tem alguns truques úteis. Se você encontrar um Altar Demoníaco, ela poderá se comunicar com o protagonista e mudar para o mundo sombrio, onde entidades demoníacas ocultas são reveladas, podem ser usadas para navegar pelos ambientes e abrir o que estiver bloqueando o caminho de Kenji. No entanto, este não é um jogo cooperativo, portanto Kenji permanecerá preso no altar enquanto Kumori estiver vagando pela cidade dos demônios. Ela também tem ataques especiais que podem ajudar Kenji em combate.
Já encontrei alguns inimigos muito legais em meu curto período de jogo, como um ciclope que cospe globos oculares gigantes de seu intestino. Também gosto da forma como ele se dissolve em um esqueleto após ser moto. Também há uma série de outras sutilezas agradáveis, momentos inteligentes que interrompem a ação, como quando um demônio salta em sua direção, mas é comido por uma cobra-dragão que surge do nada. Esses são momentos que chamam a atenção e podem ser apenas divertidos ou introduzir um monstro que você encontrará novamente mais tarde.
Acredito que os fãs de velha guarda de Ninja Gaiden vão gostar desse retorno à forma clássica da franquia. Ragebound tem uma excelente pixel art, ação de plataforma em ritmo acelerado e novas ideias que elevam a qualidade do material de origem. Estou ansioso para saber mais sobre Kumori e ver como seu relacionamento com Kenji se desenvolve. Pelo que joguei até agora, essa parece ser outra combinação vencedora de uma propriedade intelectual amada, mas há muito tempo negligenciada, cuidada agora por desenvolvedores independentes apaixonados pela série de jogos.
*Texto traduzido e adaptado por Gabriel Sales
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Créditos Autor: Daemon Hatfield, Gabriel Sales
Créditos Imagens: Reprodução Internet
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