Já fazem décadas que Grand Theft Auto é a maior referência da indústria quando se trata de jogos de história em mundo aberto, com bilhões de receita e incontáveis fãs no mundo todo. Muitos desses se perguntam o porquê da franquia nunca ter se aventurado nas telas de cinema ou na TV, caminho que muitos outros jogos tem trilhado. Algumas das respostas podem se basear em riscos criativos, controle rígido de seus criadores e fracassos recentes.
Adaptar um jogo como GTA vai muito além de contratar atores, roteiristas e uma equipe de produção. A maioria dos jogos da franquia ultrapassa 30 horas de narrativa, com diversas camadas, contextos sociais caricatos dos Estados Unidos, escolhas morais que movem a trama e alto desenvolvimento de personagens. Todos esses elementos tornam a tarefa de condensar essas histórias em um filme de duas horas ou série de poucos episódios (exemplos recentes como The Last of Us não chegam nem a 10) quase impossível.
Casos recentes mostram os desafios. A série de Halo decepcionou com decisões narrativas que se afastam da essência do jogo. The Last of Us, mesmo sendo aclamada, está dividindo opiniões pela forma como traduz certos personagens e eventos para a TV, além de toda a questão dos atores escolhidos para a obra. Já Fallout, uma das adaptações mais bem recebidas até agora, encontrou sucesso ao construir uma história original baseada no mundo e na lore da franquia. Mas como construir uma história baseada na franquia GTA, que se apoia tanto em liberdade de gameplay?
Em uma entrevista ao portal The Ankler, Dan Houser, cofundador e ex-vice-presidente da Rockstar Games, explicou por que nunca quis ver GTA nas telonas. Ao ser questionado sobre a ideia por executivos, perguntou:
“Por que faríamos isso? (…) Vocês fariam um filme e nós não teríamos controle ao mesmo tempo que assumiríamos um risco por algo que já nos pertence.”
Essas palavras ajudam a entender por que a Rockstar nunca cedeu à tentação de Hollywood, mesmo com inúmeras propostas ao longo dos anos e mesmo após a saída de Dan da empresa, que passou a ser controlada somente por seu irmão, Sam Houser, que aparenta seguir a mesma filosofia.
Mas em um mundo hipotético, qual seria o melhor GTA para adaptar?
Se algum título da série tivesse chance real de funcionar em outro formato, provavelmente seria Grand Theft Auto IV. A história de Niko Bellic, um imigrante do leste europeu tentando recomeçar a vida em Liberty City, é mais contida, intimista e com profundidade dramática suficiente para sustentar tanto um filme quanto uma minissérie. Ao contrário da grandiosidade caótica de GTA V, GTA IV foca no peso do passado e na decepção de não encontrar o “Sonho Americano”.
O enredo do jogo tem um desenrolar mais próximo a filmes de drama criminal clássicos, como Os Bons Companheiros de Tarantino ou O Poderoso Chefão de Coppola, apostando no submundo do crime organizado, traições e grandes mafiosos. Com a equipe certa e investimentos dignos de blockbusters, poderia dar certo.
Talvez realmente seja melhor que Grand Theft Auto não seja adaptado, afinal, qualquer escolha errada seria como dar um soco em um vespeiro.
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Créditos Autor: Bruno Renzi
Créditos Imagens: Reprodução Internet
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